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Para informação e reflexão...
Quem trabalha com a educação, principalmente em comunidades de municípios no/do interior do Brasil, sabe o quanto ainda estamos distantes de escolas e salas de aula totalmente informatizadas. Mas, é uma realidade que já se apresenta em escolas urbanas.Relendo algumas matérias que tenho como hábito: recortar e guardar, encontrei a entrevista que foi publicada no jornal Zero Hora (12 fev 2009), com o Doutor em informática na educação e professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Informação da UFRGS Alex Primo. Nela, Primo sustenta que o mundo digital deu origem a um novo padrão de estudante, acostumado ao uso da tecnologia; onde este não quer mais “se sentar e ouvir” e sim interagir e estar envolvido com diferentes dinâmicas e metodologias em classe.Alexandra Ferronato Beatrici
Entrevista:
ZH – Qual o principal impacto das novas tecnologias na vida do estudante?
Alex Primo – O acesso às informações. Antes, a educação era baseada no livro, e os livros eram prescritos pelos professores como a informação que devia ser estudada, onde estavam as respostas. Hoje, mesmo uma criança tem possibilidade de buscar as soluções na internet.
ZH – O que isso muda?
Alex Primo – Constrói na criança o espírito da investigação. Não é o professor que entrega uma resposta predefinida. Ela vai atrás para construir suas respostas.
ZH – É um novo aluno?
Alex Primo – Sem dúvida. Antigamente, falava-se em ensinar. Hoje, é preciso ter preocupação maior com a educação, como um processo global para a aprendizagem e para a produção ativa. O aluno não quer mais se sentar e ouvir, porque ele está acostumado a produzir por meio das novas tecnologias.
ZH – Isso exige uma adaptação na maneira de dar aula?
Alex Primo – Demanda-se um maior dinamismo nas aulas e a valorização da expressão multimídia: usar fotos, sons, textos em blogs, para os estudantes poderem valorizar aquela linguagem que eles conhecem. Se não se fizer isso, fica um hiato muito grande entre linguagem do aluno e do professor.
ZH – Os jovens de hoje têm menor capacidade de concentração?
Alex Primo – Uma vez escutei que havia professores que ensinavam em blocos de 15 minutos e contavam uma piada, para seguir o ritmo da televisão. Agora, percebemos uma mudança, as pessoas se afastando da TV e indo para o computador, onde a dedicação é total. Ficam horas no computador. A diferença é que hoje se navega em muitas janelas ao mesmo tempo. O jovem conversa, navega, vê vídeos, tudo ao mesmo tempo. Então, é uma concentração fragmentada.
ZH – A internet estimula a cópia de trabalhos?
Alex Primo – O plágio, a cola da enciclopédia sempre existiu. Eu lembro de fazer isso quando criança, vários alunos copiavam informações das enciclopédias, o professor recebia muitas cópias e nem se dava conta. Não é um problema novo, da internet. O interessante é que o aluno comece a reconhecer a importância da consulta às fontes e de valorizar a autoria, não minimizar a importância da busca de informações e citações.
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A Evolução das lousas (Fonte: Instituto Galileo Galilei para a Educação)
O modelo medieval – Séculos VIII a XVIII
Durante quase um milênio, o modelo de ensino predominante estabelecia um professor encastelado na cátedra, espécie de púlpito de onde dava aula a alunos que podiam ouvi-lo, mas não deviam sequer fazer anotações para não se desconcentrar das palavras do mestre.
O nascimento do quadro-negro – Século XIX
Aos poucos, uma novidade começou a transformar as salas de aula: a parede frontal era pintada de preto para receber anotações. A cor preta foi escolhida porque absorve todas as outras cores, criando o maior contraste possível com o branco com o qual eram feitas as inscrições.
O quadro verde – Século XX
Além da cor preta, o verde-escuro começou a ganhar espaço nas salas ao longo do século passado. O principal motivo era a maior leveza para os olhos em comparação com a lousa preta, mantendo, no entanto, o contraste com o giz.
O quadro branco – Anos 1980
A lousa branca, geralmente de base acrílica e pintada com canetas de tinta colorida, ganha espaço. Sua origem está no uso de computadores em salas de aula. Como o giz podia danificar o equipamento, passou-se a usar modelos que substituíam o antigo material pelas canetas.
O quadro digital – Século XXI
Ocorre a integração da lousa com os computadores. O professor utiliza uma caneta que emite ondas eletromagnéticas. Essas ondas são captadas por um sensor e enviadas a um computador e a um projetor. Assim, o que for escrito é projetado na tela. Podes-se também interagir com imagens, filmes e documentos previamente armazenados no computador e projetados na tela. Os elementos que estiveram na tela podem ser arquivados num computador e usados em outra sala.
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