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POR UMA PRÁTICA ADEQUADA DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Alexandra Ferronato Beatrici[2]
A abertura à diversidade tem sido um traço da história da Educação de Jovens e Adultos. Diversidade de educandos (adolescentes, jovens, adultos, idosos); diversidade de níveis de escolarização, de trajetórias escolares e humanas; diversidade de agentes e instituições que atuam nessa modalidade de ensino; diversidade de métodos, didáticas e propostas educativas; diversidade de intenções políticas, sociais e pedagógicas. Estas podem ser vistas como herança negativa, mas também, como riqueza já que sempre apareceram vinculadas a um projeto de inclusão do povo como sujeito de direitos.
Porém, as concepções de Alfabetização de Jovens e Adultos disseminadas na sociedade brasileira, ao longo da história, reforçam a deterioração da identidade social do sujeito analfabeto, enfatizando o caráter ideológico dos estigmas. A sociedade impõe a rejeição, reforçando a ideia na qual os analfabetos são considerados incapazes e prejudiciais à interação sadia da comunidade[2]. Limita e delimita a capacidade de ação dos sujeitos estigmatizados, dando-lhes um tratamento de alguém que deve concluir determinada etapa de sua escolarização e não como sujeito e adulto emancipados.
Cabe aos profissionais envolvidos com a Educação de Jovens e Adultos possibilitar a formação de cidadãos críticos e ativos. Exercer uma política educacional na qual educandos e educadores possam refletir juntos sobre o conhecimento produzido e que ações devem ser implementadas no decorrer do processo educativo. A sociedade civil pode colaborar, mas, sendo a EJA uma modalidade da educação básica, com suas especificidades, faz-se necessário, uma intencionalidade política, acadêmica, profissional e pedagógica. E essa intencionalidade está estritamente relacionada à formação dos educadores, tornando-se insustentável o discurso de que qualquer pessoa não-habilitada atue em salas de Educação de Jovens e Adultos, especialmente aquelas de alfabetização.
A Educação de Jovens e Adultos ainda tem um novo e longo caminho a percorrer para que se efetive realmente como educação permanente. Somente ações no âmbito das reformas educacionais, somadas ao compromisso político e social de todas as instâncias envolvidas no processo de efetivação das políticas que visam à universalização do ensino poderão contribuir com os avanços necessários, para que a EJA se concretize como aprendizagem para um futuro viável.
[1] Artigo completo em Beatrici. Alexandra F. O que os olhos não vêem: sobre os mitos e estigmas ocultos na alfabetização de adultos. Trabalho apresentado no VII Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul - ANPED SUL – 2008 em Itajaí/SC.
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