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Atos de Significação
BRUNER, Jerome. Atos de significação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
RESUMO
O autor explora a natureza da narrativa, desde que sejamos sensíveis ao contexto em que foi revelada; as suas diferentes formas teriam origem na cultura, e assim, a narrativa apresentar-se-ia com características que podem ser resumidas da seguinte forma: a) as narrativas possuem uma estrutura do tempo que não é medida por relógios, mas pelos eventos ou ações humanas mais importantes; b) é fácil avançar ou voltar no tempo quando se trata da narrativa; c) as ações têm motivos, implicam estados intencionais, crenças, desejos, valores; d) não possuem uma única interpretação, e sempre existe a possibilidade de questionamento, independente do quanto sejam verificadas; e) muitas vezes a sua referência aponta ou expressa um sentido para narrativa que não é direto; f) existe espaço para uma certa contestação, para se contar e negociar versões da história; g) tem de romper com o canônico para valer ser contada.
As características da narrativa são mantidas independentemente de serem reais ou imaginárias, e estas levantam, a questão sobre a sua origem, ou seja, uma vez que ela está sempre presente, o autor questiona se não teríamos uma aptidão ou predisposição para organizar nossa experiência através dela, além de serem, ao mesmo tempo, expressões de forças sociais e históricas. As pessoas transformam suas experiências no mundo em narrativas, então isso não poderia ser negligenciado já que vivemos a maior parte das nossas vidas em um mundo que é construído e que obedece às regras e aos recursos da narrativa. O pensamento narrativo, tanto quanto o pensamento lógico-científico, aparece sempre presente no ser humano, suas formas variam de acordo com a ênfase dada pela cultura, embora sejam universais.
A narrativa, estaria interpretando a vida em ação e seria, dessa forma, uma das principais ferramentas da Psicologia Popular, de onde deveriam sair as informações e investigações da Psicologia Cultural. A narrativa lida com o material da ação e da intencionalidade humana; ela tem relação com o significado dado às coisas pelo seu autor e envolve a negociação de significados entre os seres humanos, entre a prática social.
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