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A CRIANÇA DE SEIS ANOS E A CONSTRUÇÃO DOS SABERES
Por Cheila Daniane M. Milczarek
O ser humano constitui um tempo de vida que se encontra em permanente construção social. Assim, também e, mais ainda, a criança.Muitos teóricos e grandes estudiosos procuram conceituar e definir o desenvolvimento humano. Estudos recentes afirmam que os bebês, muito antes de falarem, já dominam muitos conceitos, entre eles noções claras de física e aritmética e também realizam operações matemáticas.Nesse sentido, em se tratando de desenvolvimento humano, Piaget sustenta que a gênese do conhecimento está no próprio sujeito, ou seja, o pensamento lógico não é inato ou tampouco externo ao organismo mas é fundamentalmente construído na interação homem-objeto, na sua relação com o ambiente físico e social.Piaget considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento.São eles:1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos)2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos)3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia.Diante disso cabe ressaltar que o estudante de seis anos encontra-se no segundo período, ou seja, na fase pré-operatória caracterizada fortemente pela emergência da linguagem. Na linha piagetiana, desse modo, a linguagem é considerada como uma condição necessária, mas não suficiente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de reorganização da ação cognitiva que não é dado pela linguagem. Em uma palavra, isso implica entender que o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento da inteligência.Todavia, conforme demonstram as pesquisas psicogenéticas, fundamentadas, de certa forma na teoria Piagetiana à emergência da linguagem acarreta modificações importantes em aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança, uma vez que ela possibilita as interações interindividuais e fornece, principalmente, a capacidade de trabalhar com representações para atribuir significados à realidade. Tanto é assim, que a aceleração do alcance do pensamento neste estágio do desenvolvimento, é atribuída, em grande parte, às possibilidades de contatos interindividuais fornecidos pela linguagem.É sob este enfoque que podemos analisar o desenvolvimento da criança com seis anos, e a inserção da mesma na processo de alfabetização.A diferenciação da criança com seis anos para com as demais, associa-se aos fatores definidos por Piaget, pois a base de sua comunicação atrela-se a o desenvolvimento das múltiplas linguagens. Sua imaginação e curiosidade afloradas, o desejo de aprender, de comunicar-se e explorar o mundo através do brincar, encaram a linguagem como um meio simbólico de demonstrar suas descobertas e expressar sua forma de pensar, fazendo uso pleno de suas possibilidades de representar o mundo.Dessa forma, também apropriam-se da linguagem para estabelecer laços sociais e afetivos reforçando a ideia da construção de seus conhecimentos na interação com outras crianças da mesma faixa etária, bem como com adultos com os quais se relacionam. Dessa forma, ao propiciar à criança o contato com diferentes formas de representação e acima de tudo, desafiá-la a delas fazer uso, é auxiliar, significativamente, a criança a descobrir a existência concreta destas múltiplas linguagens e, progressivamente, aprender a usá-las. São elas: gestual, corporal, plástica, oral, escrita, musical e, sobretudo, aquela que lhe é mais peculiar e específica, a linguagem do faz-de-conta, ou seja, do brincar.É a partir destas, que a linguagem escrita, como peculiaridade desta fase, irá se construir solidamente. A criança, nessa idade ou fase de desenvolvimento, por viver numa sociedade letrada, possui um forte desejo de aprender, que atrela-se, neste momento ao significado que tem para ela aprender a ler e a escrever. É neste período que ela começa a internalisar que a escrita e a leitura possuem uma função social, sendo por isso, fundamentalmente imprescindível, apropriar-se de seus códigos e significados.Nesse processo, a escola deve utilizar a leitura e a escrita em situações significativas para elas, contextualizando-as.
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